domingo, 9 de outubro de 2011

Quarto de internato

É sempre muito difícil começar a escrever, pois nesse momento meus pensamentos se encontram tão longe... Mas o pior não é isso. Além de estarem longe, estão perdidos, vagando de lugar a lugar e de pessoa a pessoa.
Isso acontece quando me encontro sozinha, sem nada que possa prender minha atenção. O quarto mais uma vez vazio, porém ao mesmo tempo repleto de lembranças doces e amargas que mais uma vez desviam minha atenção e me levam de volta aos momentos aqui vividos por mim na companhia dos meus amigos que não mais estão.

Olhar para a cama vazia me causa tanta tristeza, pois sinto como se mais alguém tivesse sido arrancado de mim.

Sempre evitei e senti medo de ser objetiva ao escrever e dessa forma deixar tanto de mim nessas poucas linhas, porém dessa vez tudo o que tenho são meus pensamentos e minhas palavras, palavras essas que vão atropelando umas as outras por não conseguirem acompanhar a velocidade dos meus pensamentos e das minhas memórias.

Poderia comparar minha vida a um quarto de internato, pois da mesma forma que esses enchem-se e esvaziam-se a cada ano, meu coração é preenchido e deixado por muitas pessoas.

Uma comparação muito cruel, mas que infelizmente retrata bem a minha triste realidade.

No começo do ano conhecemos pessoas diferentes, de todos os lugares, raças e gostos. Pessoas que com o passar do tempo, saem de maneira bem sutil, da posição de meros colegas de quarto ou novato, para a posição de amigos e companheiro de aventuras. Sendo assim, já fazemos parte um do outro e sem esses o quarto já não tem mais graça.

É lamentável, porém real, mas em nossa vida acontece a mesma coisa. A diferença é que no quarto há um período certo para a entrada de novos integrantes, enquanto que na nossa vida, novos integrantes surgem em intervalos de tempo não simétricos, muito menos regulares. É muito normal conhecer pessoas novas e quando isso acontece me sinto muito feliz.

É maravilhoso ter alguém para compartilhar os momentos, alguém para conversar, alguém para te ajudar, para te divertir, alguém que só de olhar para você é capaz de saber o que se passa. Mas seguindo o fluxo da vida, assim como em um internato, esse alguém um dia parte da sua vida e deixa uma vaga no seu coração. Um dia esse alguém precisa dizer adeus ou até logo. Um dia esse alguém vai ter que partir e te dar um abraço de despedida.

Mas é ai que se encontra a real diferença entre um quarto de internato e a minha vida. Os componentes do quarto são facilmente substituídos por outros que assim como eles serão mais um no mesmo quarto.

Porém, em minha vida os amigos não são substituíveis dessa forma, pois mesmo com a distância e a ausência dos que já se foram, me restam as lembranças de momentos vividos com pessoas que talvez jamais reencontre, mas que no pequeno intervalo de tempo compartilhado comigo fizeram com que eu jamais os esquecesse.

E é dessa forma que termino o que comecei a escrever com tanta dificuldade. Minha vida é sim como um quarto, mas esse quarto não tem só quatro vagas, é um quarto que sempre terá lugar para mais um amigo sem a necessidade de substituição de nenhum deles, pois todos eles são únicos e por isso os amo tanto. Tanto os que estão pertinho de mim, quanto aqueles que precisaram um dia partir e deixar sua cama vazia.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Quando te vejo indo


O sabor amargo da despedida
Sinto quando te vejo indo
Indo pra bem longe de mim
Para um lugar distante
Onde eu não mais farei parte dos seus dias.

Que dor em meu peito, que gosto horrível
Algo inexplicável e indescritível
Será que voltas?
E se voltar, ainda será meu?
            Dúvidas como essa me tiram o sono e o apetite
            Pois não quero mais sentir esse féu em minha boca

            E agora?
            Com que motivação vou acordar cedinho ou ir ao café?
            Minha boca já não sente o doce dos seus lábios
            O que me resta é o amargo dos meus dias sem você
            O que me motivará a chegar mais cedo a faculdade,
            Ou jantar antes das seis?         

            Por todos os lados que olho, não te vejo mais.
            Nem nos lugares que você sempre estava
            Ou naqueles nos quais eu te encontrava

            E a saudade que não mais cabe no coração
            Escorre pelos meus olhos em forma de lágrimas.
            Lágrimas estas, que à medida que o tempo passa,
            Se intensificam
            E já não escolhem mais momentos para cair
            No quarto, no trabalho, na faculdade
            Pois você não sai dos meus pensamentos
            E meu coração sofre com sua ausência

            Sinto falta do meu amor,
            De senti-lo ao meu lado
            Ouvir sua voz
            Sentir seu perfume
            O calor do seu abraço
            O sabor do seu beijo e
            Suas palavras de conforto

            Coisas essenciais para me manter viva
       
            Por isso lhe peço
            Volte logo!
           
            Antes que eu perca o prazer de viver
            Pois pior que a morte,
            Só a ausência de amor
            O tempero da vida e
            O que dá sabor à ela.

O sabor da lembrança

Quando eu era uma criança, adorava o doce das balas e guloseimas. Coisas como essas que minha mãe sempre trazia, quando voltava do mercado ou de qualquer outro lugar.
            Pra mim tudo era festa, e o sabor agradável era fácil de sentir: nas comidinhas gostosas da mamãe, nos almoços de domingo na casa da vovó...
            Mas e o papai? Esse sim era meu companheiro de degustação.
            Mas como toda criança, muitas vezes me via obrigada a comer coisas que não eram tão saborosas, sob a velha história:

— Comer pra crescer!

Mas eu estava comendo... Não o que necessitava e sim o que desejava.
            O mais interessante é que tanto o sabor como o perfume despertam em nós sentimentos a todo o instante, marcando dessa forma nossa jornada por este mundo. Pois estes nos acompanham desde quando éramos crianças até nosso momento de dizer adeus.
            Enquanto menores é fácil dizer:

—Não quero! Ou – Que ruim!

Mas quando “amadurecemos” percebemos que mais coisas podem ter um gosto ruim, como a saudade ou a decepção. Mas em contrapartida, continuamos desfrutando do perfume agradável do amor.

Perfume...

Aquele cheiro que nos faz pensar imediatamente em um namorado, um amigo...
            Nos faz reviver momentos como: uma tarde na praia com os amigos, onde o cheiro característico do protetor solar não se deixa esquecer; aquele sábado a noite que perdemos uma hora na frente do espelho nos arrumando, e para “fechar” escolhemos aquele perfume que você tem certeza de que seu namorado vai gostar; e da mesma forma que aquela música marcou seu primeiro encontro, você espera que aquele perfume tão bem escolhido marque sua noite.
            Mas perfumes, sabores... Vão e vem... Apresentam-se e se omitem. Mas nada é capaz de tirá-los da sua memória, e mesmo muitas vezes tentando esquecer, a qualquer momento as lembranças são despertadas e juntamente com aquele perfume ou aquele sabor, nos deparamos com aquele momento ou aquela pessoa.
            O que podemos fazer é buscar novos perfumes e novos sabores, para que os já registrados em nossa memória, possam ser reciclados e novas sensações possam ser sentidas e compartilhadas.

domingo, 18 de setembro de 2011

Mês do à gosto

Como é bom lembrar alguns momentos vividos na infância... Porém, melhor ainda é poder revivê-los. A inocência e a liberdade de uma criança. Sem comparação...

Acordar sem se preocupar com o que vestir, pois a mamãe já teve esse trabalho por você; se dirigir até a mesa para tomar aquele café da manhã gostoso, sem nem mesmo pensar quantas calorias poderão ser ingeridas naquele momento.

E quando chega a hora de ir pra escola, que maravilha... Vestimos o uniforme, pegamos nossa mochila com nosso lanchinho e nos despedimos da mamãe com um beijo no rosto.

Nunca cansamos da rotina, pois temos sempre a liberdade de inventar algo diferente, ou até mesmo de não fazer nada, como tirar aquele soninho gostoso depois do almoço.

Como é bom...

Mas o ciclo natural da vida é crescer e se tornar independente daqueles dos quais você sempre dependeu.

De certa forma é bom, devido ao fato de prosseguir com a nossa vida e com as nossas escolhas, mas em contrapartida há muitos outros momentos que sentimos saudades de nossos pais decidindo por nós, pois assim ficamos longe de qualquer tipo de responsabilidade quanto ao que pode acontecer ou não acontecer como consequência daquela escolha.

Mas de todos os períodos do ano de minha infância, me lembro muito bem do mês de agosto. Um tanto diferente, já que poderia falar das experiências das férias, porém é justamente por esse ocorrido que o mês de agosto se torna tão divertido.

Mês do “volta às aulas”  depois das férias tão almejadas de julho, onde todo primeiro dia de aula era a mesma coisa: conte sobre suas férias! Era uma euforia que só, já que todos queriam falar o que tinham feito, pra que lugar haviam ido e os novos amigos feitos. Voltava pra casa animada e ansiosa para contar pra minha mãe onde a Jéssica tinha passado as férias e o que ela tinha feito.

Depois de falar tudo o que eu tinha pra falar eu pedia pra minha mãe pra chamar minhas amigas que haviam viajado e por consequência ficado longe de mim, para passar uma tarde em minha casa. A minha mãe já sabendo da bagunça que seria tentava fazer com que eu mudasse de idéia ou me esquecesse daquilo, mas não tinha jeito, no dia seguinte a casa estava cheia.

Morava em um sítio não muito afastado da cidade, cheio de árvores e melhor que isso, frutíferas. Lembro-me perfeitamente do cheiro da goiaba e das minhas guerrinhas quando as mesmas já estavam bem maduras, onde cada amigo ficava em uma goiabeira e de lá mesmo um tentava acertar o outro. Não faz muito sentido isso para um jovem ou um adulto, mas enquanto criança aquilo era demais, e por isso eu contava nos dedos os dias que faltavam para as goiabas estarem no ponto. Minha mãe ficava pra morrer, pois estávamos acabando com a matéria prima de seus doces e geleias, mas nem adiantava se estressar.

Parecia que a vontade de estar juntas nunca passava, por isso quase todos os dias me encontrava com minhas amiguinhas e inventávamos algo novo pra fazer, mas o que eu mais gostava era de brincar no quintal e de me sujar.

Nesta época nem me preocupava em olhar pro relógio, pois o que eu queria mesmo era que o tempo não passasse, pois era muito bom estar com aqueles que eu amava. Porém como disse no início, a vida tem um ciclo que não pode e não se permite parar, por esse motivo cresci e hoje sou grande. Com o crescimento muitas coisas precisaram ser deixadas para trás e muitas outras novas foram adicionadas a minha vida, tanto pessoas quanto compromissos.

Agora diferentemente de quando era criança, conto os dias para que chegue o mês de dezembro, único mês que eu tenho a possibilidade de retornar a minha casa e rever aqueles que eu amo. A diferença é que não faço as mesmas coisas que antes, embora os amigos ainda sejam os mesmos. Agora, reencontro meus queridos e partilhamos experiências, amores e sonhos, de maneira diferente, com palavras diferentes, sem a inocência de antes e sem guerrinha de goiaba, até porque não está mais na época delas.


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aquilo

Como uma brisa suave, aquilo chegou de repente... O balanço dos meus cabelos já dizia que aquilo poderia ser realmente bom.

Porém, bom pra mim, mas nem tanto pros demais...

Para os pessimistas, aquilo era mais uma coisa que não deveria ter acontecido, pois tudo estava bem da forma como estava e talvez aquela novidade não pudesse ser tão boa assim. Pois novidades exigem novas atitudes e acabam provocando mudança, que não agradam e não são bem vindas na vida daqueles que costumam vê-la por seu lado negativo e se esquecem de ver o outro lado da “moeda”, que costuma ser mais bonito e agradável.

Mas as coisas realmente não acontecem para aqueles que preferem continuar na mesmice e na mediocridade a arriscar e tentar trilhar por novos caminhos.

Para os otimistas, aquela brisa que passava acariciando o rosto dos que ali estavam, trazia consigo um novo ar. Ar de nova oportunidade... Quem sabe de recomeçar ou de refazer aquilo que antes havia dado certo. Quem sabe uma boa notícia ou uma nova idéia... Isso não importava tanto, pois para esse grupo de pessoas aquilo seria o que eles conquistariam com o suor de seu trabalho e a recompensa de seu esforço.

Para os apaixonados, talvez um novo amor... Aquele amor que vem para curar as feridas deixadas pelo antigo e mostrar que a vida continua e que dessa vez vai dar certo. Aquilo que nos faz refletir que para sermos amados precisamos primeiramente amar. Mas amar, sem esperar recompensa e muito menos que o amor que hoje lhe pertence será pra sempre seu, pois quando um novo amor surge, aqueles que querem amar o recebem, mas aqueles que ainda não o conhece, ignoram.  E é assim que aquilo que como uma brisa suave chega como uma brisa suave vai... Pois não encontrou lugar no coração daqueles em quem tocou.

É fácil julgar ou tentar achar um motivo para tamanha rejeição, mas só quando procuramos o motivo é que entendemos a razão... Aquilo já não estava sendo tão aceito, pois aquilo se refere a algo distante e para alguns até mesmo inalcançável, e por este motivo o maior desafio era agora fazer com que Aquilo, já não fosse aquilo e sim Isso... Isso que agora se encontra aqui pertinho... Em um lindo sorriso, em um singelo gesto, em um abraço... Isso que costumamos guardar no lado esquerdo do peito e que transmitimos aos outros como uma leve brisa, através de um olhar, de uma palavra, de um abraço e de um beijo.

Aniversário

Data que nos leva a pensar em festas, abraços, reencontros e presentes.

Mas o que é na verdade a data de aniversário? Ou melhor, o que ela revela?

Para os pessimistas, um ano a menos de vida, mais perto da velhice e consequentemente da morte. O que faz com que esse dia não seja nada agradável e muito menos almejado. Sendo assim, pessoas como essas costumam fugir neste dia, mentem em relação a ela, ou pior que isso: se mostram indiferentes.

Para os otimistas, mais um ano de vida... Um recomeço e mais uma oportunidade que a vida deu a eles. Por isso procuram seus amigos e compartilham a felicidade que sentem por poder completar mais um ano com seus queridos e quem sabe corrigir os erros cometidos.

Para os apaixonados, mais uma chance de demonstrar àquele que ama, através de pequenos gestos, a alegria de poder partilhar momentos como esse, e melhor: saber que mais um ano se passou e que este não foi vazio ou sem razão. Pois passaram ao lado de quem amam verdadeiramente e que a vida agora esta lhes dando a oportunidade de fazê-lo novamente.

Por estes e outros motivos, me sinto feliz ao dizer: feliz aniversário!